terça-feira, 5 de novembro de 2019


ontem fez sol, hoje chove. hoje faz sol, mas só chove. e nada parece ser tão real quanto o sonho que me despertou em solavanco. num susto vagaroso, ceifando a continuidade do rito do sono. desses que acontecem para semear a dúvida da existência. por um momento, achei que era o éden. luz, muita luz. um clarão imenso a dizer-me palavras bonitas, palavras de ordem, palavras do espertar. bocejos, espreguiçar em estalos. transição. e os olhos tornaram a se fechar. tentei voltar ao sonho. em vão. o calor do dia já era ímpeto, império. o frenesi pelo novo tudo comandava. e a parede na qual banhava uma fresta de sol retangular murmurava, aos gritos: acorda, acorda, acorda. entre lençóis e marcas do tempo, esqueci-me do sonho. agora é só com a realidade. os sustos são outros.

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