sábado, 9 de janeiro de 2010

cheirinho

apareceu perfumada, naquele jardim artificial, donde havia muito espaço e muita gente. as luzes a torturar os olhos do míope, mas que por fazer as vezes do sol, num amarelo que se confundia com o vermelho dos corações, fervilhava a atmosfera dos bailes de gala. com suas pétalas brancas, podia guiar o olhar atento pelo labirinto de seres que estavam a galanteá-la. e ela escapava daquele assédio, sem arrogância, mas com ares de atriz. e ‘sambava escondida que era pra ninguém reparar’. chamou a atenção, despertando a curiosidade afetiva. quem sabe pelo cheiro? o cheiro de gente. não se sabe. admirada foi em cada parte daquela peça, até que as cortinas do palco dançante se fecharam. restaram, pois, apenas os retratos e aquele receio gostoso de um próximo contato, uma breve troca de versos, ou, tão-só, mais alguns sorrisos. mais tarde, como numa primavera, repetiram-se os gestos e os ventos; descobriram-se umas sementes nalgum canto de jardim; que agora aguardam, taciturnamente, florescer.

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