quinta-feira, 3 de setembro de 2009

mais tardar

eu chego pra dizer que já vou, vou-me já. estanquei umas três vezes até aqui chegar. vim de longe, maria. vim de lá. vim feito retirante do sertão à procura do mar. aqui cheguei e comecei a enxergar. mas que doce ilusão, ainda quis acreditar. aos olhos do pobre, tudo tende a brilhar. mas basta uma chuva pra logo tudo se desmanchar. e agora o que farei? sem nada por enquanto, terei que me virar. eu que muito te queria, já não sei o que admirar. mudaste tanto, mulher, por que tinhas de piorar? vou ali, maria. vou andar. e cuidado pra não me chamar. não procures lembrar. não vai te afobar! porque quem sabe por lá, nas bandas do leste, não hei de outra mulher encontrar? eu sou homem do vento, maria. não costumo parar. estou aqui num instante, mas nada custa mudar. sou poeta da vida, deveras sei sofrer e amar. e quando tudo se perder, a primavera acabar, e não mais restar gente nenhuma no teu lar, eu bem sei, vais me procurar. mas já é tarde, maria, estou a me retirar. vou pra longe, pra onde o tempo não costuma cessar.

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