quarta-feira, 30 de junho de 2010

volto porque me incitam as palavras e todo o sentimento que ressoa aqui dentro, aqui onde sempre guardo uma válvula enérgica e pulsante, que bombeia sangue e poesia, impulsiva que só ela. volto porque o regresso tem um gosto doce de saciedade depois do amargo da longa ausência, que se estende sempre por mais tempo do que deveria, feito esses hiatos fantásticos que me põem à disposição da vida. volto porque não sei viver sem, para alimentar esse vício que me norteia por entre os caminhos que tomo, o que me desbrava uma sede incrivelmente ardente e que me faz impulsivo com sobriedade. volto porque moro nesta casa de tantos fatos, de tantas lembranças, de tantos corredores e quartos, de tantos vãos do meu coração, das minhas enérgicas mãos, que é como o meu próprio corpo cheio de vida, minhas janelas pro mundo, meu canto, meu aconhego, meu porto, meu domicílio. volto para poder respirar com a simplicidade de outrora, desafogando os sonhos, os amores e os receios, como cano de escape que sempre funciona silenciosa e eficazmente. volto para dizer que fui, como tantas vezes, e que voltei para mais uma estação de ventos corriqueiros, para escrever as minhas linhas, para bordar no meu peito o infinito.

Um comentário:

  1. são palavras tão fortes que precisam ser lidas em voz alta
    mas são imediatemente íntimas e carecem ser lidas em altivos murmúrios ...

    bravo !

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