terei muito a dizer entre uma xícara e outra. que talvez comece a escrever um livro ou que economize dinheiro para comprar uma câmera nova, ou ainda que planejo conhecer o rio de janeiro no mês de julho. poderei contar dos dias de chuva e jazz, das leituras que fiz ou dos filmes a que assisti. repetirei o relato do meu cansaço, das crises de impaciência e do mau humor que vez em quando se aboleta. enquanto tu estarás distraída, em teus próprios planos, a devanear tua história. esperarei, inutilmente, que me prometas tempo para que as coisas aconteçam. pensarei em fumar um cigarro. dirás coisas tuas, nomes teus, organizando os fatos passados numa cadeia de tempo. pensarei em fumar dois cigarros. eu te acompanharei, sorrirei e despertarei algum mínimo de interesse por aquilo. abrirei mão de contar coisas minhas, observarei cada palavra e cada conto teus. sentirás fome, comeremos e discutirás música popular brasileira. emitirei opiniões, concordarei com os teus gostos por deles partilhar, imaginarei como escrever sobre os teus olhos, os teus gestos, sobre as tuas pequenas manias que estarei a observar atentamente. provocarei o silêncio, perceberás que estás a errar, ou que talvez a tentar consertar algumas faltas do passado. estarás em outro ritmo, numa velocidade maior, numa ânsia de testar a liberdade. e nisso eu não poderei te seguir. te cansarás de mim, me deixarás. e eu voltarei a tomar insistentemente o meu café, a sonhar, a acalentar pensamentos, sozinho como sempre estive.
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