domingo, 22 de novembro de 2009

quando voltávamos para casa, já cansados e saturados um do outro, eu com o braço em volta do teu pescoço, após horas lado a lado, talvez pensássemos em desistir de ficarmos juntos. como em cada despedida, o medo do fim, mantíamo-nos em silêncio. um desencontro de sonhos, de objetivos ou de qualquer outra coisa que nos fizesse não pensar no amanhã. pregávamos sempre esse dogma imbatível da liberdade, essa ausência de posse e de agrilhoamento em prol do querer que permeia o mundo dos libertinos. no fundo, fugíamos disso. jamais daríamos certo. éramos tão frívolos. parecia um eterno fevereiro de carnaval, em que armados em fantasias, desfilávamos por fora e por dentro das alegorias. até que, então, março se fez. e pudemos nos olhar despidos, do modo cru que se deixa penetrar a alma. fomos além. e encontramos nossas afinidades encostadas na parede e a vontade de continuar já ausente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário