domingo, 11 de outubro de 2009

prólogo


linhas tortas, das que se esquivam e se perdem no meio do caminho, cambaleando letras esquecidas e corajosas. sou escritor, ou pelo menos encontro-me num contentamento febril ao escrever, ao desenhar através das palavras o que de alguma forma sinto. questiono-me a todo momento, sobre tudo, mais que tudo e, sobretudo, quanto à vida. acredito ser esse um meio de evolução, de elevação do espírito ao que costumo denominar de essência humana. algo que nunca finda, que não se exaure até que se perca a vontade de refletir. sou humano, e portanto imperfeito, egoísta, vulnerável, instável e emotivo. vicio-me facilmente e adoeço ao tentar o desapego. pessoas são sempre um problema, as exploro sensitivamente até o último pensamento, geralmente montando sonhos e histórias com elas. geralmente decepcionando-me com elas. passei dos vinte há pouco, entrei na década da eternidade ainda um tanto inseguro, apesar de repudiar insegurança. mas ainda creio que aos cinquenta serei um homem satisfeito e que ainda acreditarei no amor. estou solteiro, embora apaixonado. louco de desejo por quem não deveria, louco de saudade pelas que me deixaram. as mulheres existem inexoravelmente no meu cotidiano, são a rotina mais inconstante por sinal, e a única que consigo manter. gosto de cerveja quente ou gelada, de vinho tinto e seco, de um bom uísque puro e sem gelo. admito, sou quase um alcoólatra, com vontades intermináveis de embriagar-me diariamente. sou fascinado pelas cores, pelas misturas e contextos que fazem multiplicar, e pelo tanto de vida que perpetram ao esboçar um simples arco-íris. acho que percepção é algo essencial e acredito na força das coisas que nos fazem sentir. 'sentir' assim intransitivo mesmo. venero o silêncio e não conseguiria viver sem música. preciso de uns dois cigarros por noite, mas nunca os fumo. como bom idealista fracassado, não creio em grandes revoluções nem em atos de muita expressividade como ferramentas de mudança, mas sim nas pequenas frações, nos minúsculos gestos de nobreza e de educação capazes de despontar um sorriso. aliás, sorrir é a ação involuntária que mais aprecio nas pessoas. tenho senso de humor como sinônimo de inteligência. e acho muito bonito quem tem fé.

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